sábado, 24 de julho de 2010

Malus sp. / família Rosaceae.

Certo dia uma menina estendeu a mão para um cesto enorme repleto de maçãs de vários tipos e tamanhos. A primeira que ela pegou era grande, bem vermelha e aparentemente saudável, no começo era bem docinha, mas, na terceira mordida, a menina percebeu que o sabor agradável era sucedido ao azedo, que a bela maçã por dentro estava ácida e por mais que ela se esforçasse, não conseguia degustá-la.
Passou muito tempo até a menina resolver comer outra maçã, afinal, lembrava-se nitidamente da decepção que tivera e o gosto ainda estava impregnado em sua garganta. Ela enrolou, enrolou e por fim decidiu não pegar nenhuma, levantou e encontrou uma mação no chão, olhou para os lados e deu uns passinhos para trás, chegou mais perto, observou bem e pegou a maçã, era uma linda maçã, cheirou e gostou do aroma. Colocou-a no chão novamente e foi dar uma volta, no outro dia, encontrou novamente a mesma maçã e assim foi resistindo, até o dia que não aguentou, pegou aquela maçã e deu a mordida que tanto sonhava e para sua surpresa, tinha o melhor sabor que ela jamais havia experimentado. Mas, uma parte da maçã estava podre e por mais que ela quisesse não poderia salvar aquela parte e ficou com o que era saudável, mas, não era o suficiente para saciar a menina...
Então, após muito tempo, desistiu de maçãs e agora faz jejum.

.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Abster-se

Eu estive próxima, quase podia tocar, entretanto, recuei.
Convenço-me a cada dia que o belo não deve ser tocado, contudo, sinto um imenso desejo de encostar, sentir sua textura e curvas. Aproximar-me do o âmago da obra exposta.
Poderia ceder e nutrir-me deste momento, entretanto, recuei.

.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Abstrato.

Não precisamos de palavras, nossos olhos dizem tudo o que sentimos e as nossas lembranças são as certezas de que não foram apenas sonhos...

.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Frações.

. É o amor que faz com que deixemos de ser partículas desconexas, flutuando sem sentido no vazio de nosso eco.

.

Stranger Dreams

Série: HELLO, STRANGER. - Parte 2, Stranger Dreams.

Alguns sonhos de uma garota estranha:

Meus sonhos infantis:


Queria cantar e tocar guitarra;
Ter um pokemon poderoso;
Queria lutar caratê muito bem e arrebentar a cara daquele moleque nojento que quebrou meu aparelho (claro que tinha que ser o freio de burro) pulando nas minhas costas e falando: - AiôôôÔ, Silver... --';
Ter um carro elétrico igual a menina tinha na primeira versão do Carrossel,;
queria com toda a minha alma ter um gizmo de robô que passava nos programas infantis, mas, ficava com medo de cair água sem querer e ele matar minha mãe porque havia tornado-se um greemlin;
Queria saber andar de skate e fazer mil manobras;
Voar;
Queria ser a melhor em algum coisa;
Namorar o desenho da última folha da cartilha escolar,
Queria ter um cavalo e galopar no horizonte sem rumo,
Queria ter um lápis que copiasse a materia sozinho;
Falar com os animais;
...

Sonhos da minha eterna adolescência:

Queria cantar e tocar guitarra;
Ter um pokemon poderoso;
Queria lutar caratê muito bem e arrebentar a cara daquele moleque nojento que quebrou meu aparelho (claro que tinha que ser o freio de burro) pulando nas minhas costas e falando: - AiôôôÔ, Silver... --';
Queria ter um carro pra chamar de meu;
Ainda gostaria de ter o gizmo, hahaha, mas sem medo dele virar greemlin;
Fazer manobras radicais em alguma coisa;
Voar;
Ainda queria só por um dia ser a mais sei lá o que, por um dia, porque me cansa ser apenas mais uma todos os dias;
O cavalo ainda existe, embora o princípe tenha sumido;
Viajar o mundo inteiro, conhecer novas cores, cheiros e sons;
Voltar a ser feto;
Transformar a realidade e viver em um universo paralelo onde a única coisa que molharia meu rosto, meus lábios, travesseiro, papel e teclado seria a chuva, água, desastre de canecas mal posicionadas no lugar errado da mesa, um lugar onde este vazio que consome minhas atual existência não existisse e as pessoas não fossem tão endurecidas por falta de amor;
Compreender o significado do silêncio de algumas pessoas;
Fazer um projeto que transmitisse o que penso e sinto;
Falar com os animais;
Encontrar alguém que irá me cativar e onde seremos únicos um para o outro;
Envelhecer com dignidade;
Ser um X-man com todos os poderes do mundo;
...

Alguns sonhos não foram mencionados pois, não eram tão significativos ou não me recordava.


.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hello, stranger...

.
Eu sempre fui uma garota estranha ou pelo menos sempre me senti estranha.
Nunca fiz shhhh pra dentro, como se fosse algo muito gostoso ao ver um cara ou uma foto de um menino da escola, mesmo anos depois.
Meu principal assunto não era a sandália ou o cabelo de ciclana.
Meu sonho de criança era ser super-qualquer-um e não ser a sandy.
Nunca gostei de xuxa, gostava mesmo de mara maravilha, na época que ela vendeu discos de vinil como índia.
Enquanto minha irmã e primos faziam mil poses ridículas, eu detestava fotos e filmagens.
Quando pequenina queria ser menino só pra correr atrás de pipas, descer o buracão, ter um estilingue e mostrar o dedo do meio sem ninguém passar horas dando um sermão.
Quando finalmente matei minha primeira pomba com um estilingue, em vez de gritar uhuuu! Igual ao meu primo, abracei a pomba e comecei a chorar, enquanto ela se debatia, corri para casa da minha tia novamente, cheia de sangue na blusa e abraço minha mãe, dizendo que era má.
Não assisti a quase nenhuma aula de 1ª Eucaristia, passei todas as noites de quarta na sala do padre indagando porque Deus não tinha mãe, se caim matou Abel, como é que o mundo foi povoado? E outras variações.
A primeira vez que me apaixonei estava na pré-escola, ele era feio, tinha os dentes tortos e hoje é gay.A segunda vez o menino era loiro, olhos verdes e disse que eu era feia. Alguns anos mais tarde parei de me apaixonar por certas caracteristicas.
Comecei a fazer aulas de trompete para ficar perto de um carinha, pra três dias depois pararmos de ficar.
A última vez que me apaixonei por um cara, ele me trocou por uma menina gorda, com 3 filhos, hoje ele é casado com uma menina com 1 filho de um presidiário e eles tem 2 filhos juntos.
Sempre odiei bonecas, mas, ninguém nunca compreendia isso e insistia em me dar uma barbie em data que em poucas horas depois perdia a cabeça, cabelo e membros.
Passava horas deitada no sofá vivendo no meu próprio mundo, onde eu sorria e sofria.
Nunca me adequei às conversas das minhas amigas de infância, definitivamente não tínhamos e não temos quaisquer afinidades.
Meu maior sonho era sumir.
Já quis ser astronauta, geóloga, geógrafa, e uma profissão que inventei: quis ser egipsyologa, faria egipsiologia e estudaria as pirâmides. Entretanto, eu sou alérgica a poeira, detesto aracnídeos e variações e tenho pavor de grutas ou derivados.
Enquanto todas as minhas amigas pediam vestidos, bolsas, sandálias e brincos, eu queria livros.
Nunca copiei nenhuma matéria no caderno.
Na pré-escola não consegui abotoar o macacão, comecei a chorar bem alto e pedir socorro, minha mãe dava aula na sala ao lado e me socorreu, mas, lembro que entrei envergonhada na sala.
Não importa a fome que estivesse, jamais comeria em algum lugar que não fosse a minha casa.
Eu tinha muitos pesadelos.
Me olhava no espelho e não entendia como era tão feia.
Já acreditei que fui encontrada na lata do lixo ou que era de outro planeta pois, eu era bizarra e não pertencia à minha família.
Usei freio de burro.
Usava óculos azul alumínio.
Vivia de castigo e meu pai me obrigava a escrever de 0 a 1000 ou qualquer outra sequência monstra em números romanos em ordem decrescente, e o pior, ele conferia um por um.
Meu pai me ensinou a jogar xadrez aos 5 anos, me ensinou a nadar e andar de bicicleta e um dia em algum lugar colorido ele era meu herói.
Minha avó era a melhooor do mundo inteiro e era só minha, independente da minha irmã.
Conheci a mentira e frustração no primeiro ano de vida, dias das crianças, me contaram que ia ganhar um super presente, no dia 12/10/1988 nasceu minha irmã, aí compreendi o que eram metáforas.

continua...
.