sábado, 30 de outubro de 2010

Olhos de gato...

Eu estou dirigindo sem rumo, a música toca aleatoriamente e nesta estrada não vejo nada, a neblina esconde cada curva e esta chuva constante tornam a situação mais dramática...


Choro em um fluxo intenso e meus olhos estão nublados de tanta dor... Mãos no volante, 100, 120, 140, 180 km/h, não vejo nada, não penso em nada, sinto o meu peito rasgado e minha vida estilhaçada em cada segundo, acelero e sigo os olhos de gato na pista...

Não consigo acreditar que houvesse tanta dor no mundo e estava toda represada em mim, mal consigo respirar, sinto todo o peso de cada lágrima que escorre, como se chorasse por todos os traumas, todas as perdas, todo o passado não superado apenas abstraído...

Acelero mais, quase um suicídio, não enxergo a mais que 2 metros no caminho, o farol ilumina pouco e meus olhos estão transbordando, poderia morrer a qualquer momento, qualquer coisa para anestesiar e apagar a consciência...

Tempestade ambígua, não sei onde está mais perigoso, estou molhada de lágrimas e o mundo de chuva, choro mais alto que a música e que os trovões, meu desespero escorre pelo parabrisa e não há nada para cessá-lo.

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fábula de Esopo

O cervo, o manancial e o leão
 
Agoniado pela sede, chegou um cervo a um manancial. Depois de beber,  viu seu reflexo na água. Ao contemplar seus belos chifres, sentiu-se orgulhoso, porém ficou descontente por suas pernas serem fracas e finas. Enquanto assim pensava, apareceu um leão que começou a persegui-lo. Começou a correr e tomou grande distância, porque a força dos cervos está em suas pernas, e a do leão em seu coração. Enquanto corria, o cervo guardou a distância que o salvava; mas, ao entrar num bosque, seus chifres se engancharam nos ramos e, não podendo escapar, foi alcançado pelo leão.
A ponto de morrer, exclamou para si mesmo:
- Infeliz! Meus pés, que pensava me trairiam, foram os que me salvaram e meus chifres, nos quais colocava toda minha confiança, são os que me perdem.

 
Muitas vezes, a quem cremos mais indiferentes, são aqueles que nos dão a mão, enquanto os que nos adulam, quando precisamos, desaparecem.