terça-feira, 7 de abril de 2015

Miragem .

Naquela manhã o pequeno poeta resolveu se aquecer ao sol, sentou em uma pedra e esticou as mãos, mexendo os dedos rapidamente em pequenas ondulações.
Buscava inspiração nas árvores, nas flores, na grama ou em qualquer segundo que suspirasse próximo aos seus devaneios. Aqueceu suas mãos e caminhou pelas árvores procurando amor. 
Espiou um casal de borboletas, três coelhos brincalhões correndo, uma tartaruga sonolenta e nada disso enchia seus instintos. Colheu algumas amoras e fechou os olhos, colocando uma a uma em sua boca e esperando-as derreter, sentir o sabor explodindo em sua boca era quase mágico. 
Ouviu uma risada e ao abrir-se deparou-se com uma menina de vestido rosa com rendinhas brancas, ela tinha os braços para trás e dava uns saltos perto de uma rosa. Não sabia se era a voz, as cores ou o jeito que o sol iluminava seu cabelo pelas árvores, só tinha certeza que ali estava o que procurava. 
Não conteve-se e declamou: 

- "Estou com o coração a piar
como pode tão bela flor
causar tanto alvoroço
só com um simples olhar?" 

A menina virou para ele com uma interrogação e com prazer em ouvi-lo. Chegou mais perto e disse: 

- Vamos lá, menino!
Se és tão bom em rimar,
Faça um poema para que possa lhe amar! 

O poeta empolgou-se, saltou do chão e falou: 

- Doce, menina
minha vida era tão sombria
Encontrar-te foi mais que milagre
és deleite dos meus sonhos...

E com os ânimos ditosos, o menino procurou-lhe os lábios e a bela garota dissolveu ao tocar.Pobre poeta, caíra no encanto das princesas, desejava mais do que podia e voltava a si dizendo: 

- Queria escrever sobre ti, menina,
Amei mais do que deveria,
Ó vida, dei meu amor sem cautela
sucumbo agora à espera. 

Fechou o semblante e percorreu o caminho para casa, nesta noite não haveriam mais canções.

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