quinta-feira, 10 de maio de 2018

Remoto Controle

Meu corpo estremece quando falo seu nome ou me refiro ao nosso passado. 
A visão perde o foco e as lágrimas afogam minha voz que morre nos lábios, lábios que curvam-se de saudades.
Anteontem sua partida estilhaçou meu espelho e os canários que ficaram remetem a segunda partida.
Partiram em pleno outono e inverno, inversamente.
E as madeiras daquela casa arqueadas pelo tempo e com diversas cores desbotadas silenciaram as lembranças, tudo parecia tão distante e estranho, como se nada pertencesse aquele local...
Minha paz revoou para fios delicados  que esticaram e balançam ao peso das dores que fazem repouso em minha luz. 
Anoitece meus sonhos e me recordo:
Daquela bicicleta vermelha e a linha do trem, corridas por entre sepulturas e o chapéu fazendo sombra ao sorriso de meu amado.
Da farda engomada com coturnos lustrados e a imponência de sua altura, tão grande... Era um gigante primeiro amor.
Anoitece meu despertar e me ausento, pois:
Os homens que amei pereceram e com eles meu pôr do sol sereno.