quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Alice .

Ela dizia que eu colecionava histórias de amor, conquistas sem glórias e que não precisava disso...
Olhava aqueles olhos negros no espelho e a sensação de estar perdida invadia, eramos distorções e qual era o reflexo, afinal?
Como uma Alice procurando seu caminho, desfilando por entre desconhecidos e um chá, perseguia meu destino entre novos corpos, vários sorrisos e expressões que nada significavam.
Cada vez que um estilhaço de coração partido caia ao chão, prosseguia minha caminhada, aprendeu a andar e guardar, passar a mão pela face e partir.
Não há nada a se fazer neste momento.
O problema de ser um errante é que há muitas bifurcações e desta vez a dicotomia estava em mim. 
Não sabia que caminho seguir e sentou-se numa rocha, acendeu um cigarro e se questionou por um longo tempo.
Não sabia quem era ou o que deveria fazer. 
Esgotara o sarcasmo com sorrisos amarelos solitários.
Precisava se mover, mas ainda não decidira qual caminho seguir, então resignada com sua impotência mediante as escolhas, caminhou pelo meio, nem lá e nem cá, seguia paralelamente ambos e assim não lidava com nenhum, mas também não vivenciava plenamente nada, nem a si.
Ao escurecer abraçava suas pernas e cantarolava baixo para espantar os maus espíritos.
Não havia um coelho branco a seguir, apenas imagens deleitáveis que revelavam-se a medida que o coração acelerava e boca seca engolia os pedaços que outrora perdera no trajeto.
Qual mão pegar? Qual caminho depositar os seus sonhos?
Ainda perdida prosseguiu, como seria possível optar?
Ouviu novamente aquela risada e uma voz que ecoou pelo bosque: 
" - Você coleciona histórias de amor..."
Sacudiu a cabeça e pensou consigo:
" - Não sabes que a única história possível era com ela?!"
Os olhos endureceram, passou a mão pela face e partiu sem encolher-se.
Resolveu escolher-se.

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