domingo, 29 de março de 2009

Dois estranhos no meio do gueto.

Noite de sábado, nada para fazer, a espera de uma visita ou telefonema. Horas arrumando o cabelo, expectativa, cansaço, expectativa, decepção, expectativa, raiva. Maqueia-se, calça o salto, faz algumas poses em frente ao espelho para convencer-se que está feliz e bonita, dá um último afago na sobrinha, veste a jaqueta, coloca a bolsa no ombro e sai de moto. Corre um pouco além do que seria seguro, mas, seus pensamentos estão voltados para a bolsa, ela está vibrando? O celular irá tocar? Chega ao destino, percorre o quarteirão em velocidade relativamente baixa, apenas para sentir o ambiente, estaciona a moto, olha-se no espelho, arruma o cabelo e sai andando decidida. Algumas voltas sem rumo até convencer-se que os amigos não estão ali, senta-se na moto e os observa chegando por outro caminho. Cumprimenta-os, atravessam a rua e pedem dois cachorros-quente simples e um sem salsicha, afinal, seu amigo entrou na onda dos vegetarianos, pedem dois guaranás, fofocam, voltam à praça, cumprimentam algumas pessoas, sorriem e ela diz: Jow, vamos comprar cigarros? Ele diz que sim e o outro próximo diz: – Eu vou também, ela sorri e diz: – Na biz só cabem dois. Ele pensa e continua: – Jhon, fique aqui, você conhece mais gente e eu vou com ela. Jow diz: – Vocês vão voltar? Eles apenas sorriem e dizem: – sim. Os dois vão sorrindo e conversando, ela faz o contorno, entrega o capacete e a bolsa, vão a uma conveniência que está fechada, vão a outra e ele diz: – Vamos na outra, sentaremos e tomamos uma cerveja. Ela concorda e mudam de destino. Atravessam a cidade fazendo piadas e rindo. Chegam a tal conveniência, compram LM Azul, duas Brahma e sentam-se na mesa a esquerda, isolados, praticamente os únicos ali. Conversam sobre tantas coisas, compartilham experiências e piadas. Sorriem. Aos poucos eles vão chegando, ligam seus carros, dançam funk, fazem poses e realmente acreditam que estão "abalando" o lugar com seus trejeitos pré-moldados com os amigos. Passam algumas horas, acabou o dinheiro, compram duas Bavarias e continuam conversando, ou pelo menos tentando, agora o som está tão ensurdecedor que a comunicação torna-se estritamente visual. Alguns conhecidos passam. Após três horas tortuosas e hilárias de funk e rap, muitos risos, piadas e olhares sarcásticos eles desistem, voltam para casa e conectam-se ao comunicador instantâneo e dizem: – Olá, tudo bem? hahaha. Após uns quinze minutos, a janela levanta-se novamente e diz: – Não resisti, leia. Ele responde: – masturbando-me, pera .A transferência de "dois estranhos no meio do gueto.txt" está concluída. Expectativa dela. Alguns minutos e ele diz: – kkkkkkkkkkkkk. Que merdaaaaaaaaa. Muito booooooooom ficará pra história. Ainda mais que me fez brochar pelo texto ser mais interessante que os vídeos pornográficos. Ela ri e ele diz: – Amo você. Ela sorri e diz: – isso pode ser adicionado ao texto, hahaaha. Amo você também. Ele diz: – Acrescenta o fato de brochar me. E me deixa em paz um segundo. Ela ri alto e diz: – Okay. Apenas expectativa e a noite continua em seu ritmo normal.

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Insegura.

. se todos nós fossemos seguros, acreditariamos em espelhos e não em pessoas.

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terça-feira, 24 de março de 2009

Modernidade.

Estou farta de rimas em demasia, clichés sobre a mulher moderna, que procura desesperadamente convencer-se que não precisa de ninguém , que no fundo é carente, chora aos domingos e noites frias por estar sozinha e sorri fingindo estar tudo bem. Exausta de treinar sorrisos em frente ao espelho e criar situações onde minha felicidade é tão plástica que torna-se espontânea.
Preciso de férias, um livro, cigarros e um cachorro.

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segunda-feira, 23 de março de 2009

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É, eu cansei. Cansei de uma forma que talvez nunca tenha me cansado. Cheguei quase a enlouquecer com coisas perfeitas que não eram assim tão perfeitas, e eu me destruí. Ainda sinto os olhos marejados de lágrimas com tanta dor e decepção olhando-me com tanto amor e nada fiz para mudar isso. Talvez ceguei-me diante de minha dor e me apoiei em falsas promessas e tristes desejos. E continuo só em meu vazio.


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Lost

E eu me encontro. Não crio ou dramatizo, modifico e imperceptivelmente sou uma nova, ora meiga, ora agressiva. Mordo o vazio com força e minha mandíbula se sobressai, respiro fundo, levanto o rosto e aquele sentimento de solidão abre espaços para ironia e finjo que me encontro.
Ás vezes me encontro no vento que percorre as encostas do imaginável, me encontro em devaneios ou em contos, músicas e até mesmo em pássaros, sempre me encontro. Mas, este encontro com o real e as outras é devastador, rápido e estranhamente maravilhoso, solto minhas amarras e acendo um cigarro. Permito-me. Transporto-me. Encontro-me...


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Mettre un nom sur un visage...

Eu sempre espero que as coisas fiquem claras na manhã seguinte, entretanto, elas normalmente pioram, por mais pessimista e futuramente absurdo, elas conseguem piorar e algumas vezes meus erros limitam-se à ausência de palavras/ações ou proporcionalmente o inverso, acabo por falar/agir demasiadamente. Meus intuitos geralmente são impulsivos e perco oportunidades por não ter o hábito de imaginar TODAS as possíveis consequências. Ainda perco-me entre realidade e devaneios, o que me trás perspectivas que se distorcem nas prosas de alguns. Palavras ecoam e risos fazem à batida de minhas confusões. Decepciono-me a cada passo, não culpo ninguém por minhas ilusões, o meu erro é o mesmo, espero qualidades que não estão prontos para compartilhar e novamente embalo-me em novas aspirações que se sucumbem nas facínoras tão queridas.Minha sensibilidade a pequenas gotas de humor são repelidas por sorrisos e atos desenvoltos. Novamente inicia-se a guerra interna e volto ao princípio mais "forte e ausente".


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