quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hello, stranger...

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Eu sempre fui uma garota estranha ou pelo menos sempre me senti estranha.
Nunca fiz shhhh pra dentro, como se fosse algo muito gostoso ao ver um cara ou uma foto de um menino da escola, mesmo anos depois.
Meu principal assunto não era a sandália ou o cabelo de ciclana.
Meu sonho de criança era ser super-qualquer-um e não ser a sandy.
Nunca gostei de xuxa, gostava mesmo de mara maravilha, na época que ela vendeu discos de vinil como índia.
Enquanto minha irmã e primos faziam mil poses ridículas, eu detestava fotos e filmagens.
Quando pequenina queria ser menino só pra correr atrás de pipas, descer o buracão, ter um estilingue e mostrar o dedo do meio sem ninguém passar horas dando um sermão.
Quando finalmente matei minha primeira pomba com um estilingue, em vez de gritar uhuuu! Igual ao meu primo, abracei a pomba e comecei a chorar, enquanto ela se debatia, corri para casa da minha tia novamente, cheia de sangue na blusa e abraço minha mãe, dizendo que era má.
Não assisti a quase nenhuma aula de 1ª Eucaristia, passei todas as noites de quarta na sala do padre indagando porque Deus não tinha mãe, se caim matou Abel, como é que o mundo foi povoado? E outras variações.
A primeira vez que me apaixonei estava na pré-escola, ele era feio, tinha os dentes tortos e hoje é gay.A segunda vez o menino era loiro, olhos verdes e disse que eu era feia. Alguns anos mais tarde parei de me apaixonar por certas caracteristicas.
Comecei a fazer aulas de trompete para ficar perto de um carinha, pra três dias depois pararmos de ficar.
A última vez que me apaixonei por um cara, ele me trocou por uma menina gorda, com 3 filhos, hoje ele é casado com uma menina com 1 filho de um presidiário e eles tem 2 filhos juntos.
Sempre odiei bonecas, mas, ninguém nunca compreendia isso e insistia em me dar uma barbie em data que em poucas horas depois perdia a cabeça, cabelo e membros.
Passava horas deitada no sofá vivendo no meu próprio mundo, onde eu sorria e sofria.
Nunca me adequei às conversas das minhas amigas de infância, definitivamente não tínhamos e não temos quaisquer afinidades.
Meu maior sonho era sumir.
Já quis ser astronauta, geóloga, geógrafa, e uma profissão que inventei: quis ser egipsyologa, faria egipsiologia e estudaria as pirâmides. Entretanto, eu sou alérgica a poeira, detesto aracnídeos e variações e tenho pavor de grutas ou derivados.
Enquanto todas as minhas amigas pediam vestidos, bolsas, sandálias e brincos, eu queria livros.
Nunca copiei nenhuma matéria no caderno.
Na pré-escola não consegui abotoar o macacão, comecei a chorar bem alto e pedir socorro, minha mãe dava aula na sala ao lado e me socorreu, mas, lembro que entrei envergonhada na sala.
Não importa a fome que estivesse, jamais comeria em algum lugar que não fosse a minha casa.
Eu tinha muitos pesadelos.
Me olhava no espelho e não entendia como era tão feia.
Já acreditei que fui encontrada na lata do lixo ou que era de outro planeta pois, eu era bizarra e não pertencia à minha família.
Usei freio de burro.
Usava óculos azul alumínio.
Vivia de castigo e meu pai me obrigava a escrever de 0 a 1000 ou qualquer outra sequência monstra em números romanos em ordem decrescente, e o pior, ele conferia um por um.
Meu pai me ensinou a jogar xadrez aos 5 anos, me ensinou a nadar e andar de bicicleta e um dia em algum lugar colorido ele era meu herói.
Minha avó era a melhooor do mundo inteiro e era só minha, independente da minha irmã.
Conheci a mentira e frustração no primeiro ano de vida, dias das crianças, me contaram que ia ganhar um super presente, no dia 12/10/1988 nasceu minha irmã, aí compreendi o que eram metáforas.

continua...
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6 comentários:

  1. queria saber a escrever uma biografia divertida ;-/

    Muito bom.

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  2. Obrigada, Daniel, acho que isso é um pouco do que sou, tenho uma humor super oscilante e meu ponto de visto é sempre cômico embora trágico. ahushusahusa

    beijos. ;)

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  3. Até te vi no twitter!

    Ainda estou esperando rs

    ;-*

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  4. Eu ainda sonho em sumir também. Pelo menos você nunca escondeu um ovo frito atrás do sofá porque nao queria comê-lo, achando que ninguém jamais descobriria seu 'crime'. Adorei te conhecer melhor ;) Beeeeijos.

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