quinta-feira, 21 de junho de 2012

Vento .







No final dos ventos há sempre um suspiro, um estalado beijo jogado para fora do carro, um sorriso torto, frações de lembranças, piscar de olhos, bicos, assovios, palmas, gritos, lágrimas, desejos...
O vento percorre todos e carrega consigo um fragmento de cada, quando o encontramos ou quando ele nos encontra, rodopia, abraça, envolve e solta-se, as vezes acaricia, as vezes bate, ausenta-se para depois voltar com força...
Ah! Este vento é um menino levado, um rapaz apaixonado, um homem moderado e um idoso sábio.
O idoso que abraçou-me quando fraquejei, trouxe uma pétala para que lembrasse-me que haviam cores quando estava tudo escuro, apagou a vela quando dormia exausta em um sofá lendo cartas...
O homem que calou minhas canções, secou meu rosto, empoeirou o retrato, apagou o riso, cessou o grito...
Aquele rapaz que trazia-me o seu perfume numa ponte, os seus olhos num campo e o seu amor em uma flor...
Pequeno menino travesso que surpreendia-me com rajadas que estremeciam, provocava carregando meus papéis e brincando com os meus cabelos...
Vento, és o meu único amigo, companheiro, traga-me todas as manhãs o homem, as tardes o menino, as noites o rapaz e durantes as madrugadas, venha como este senhor que acalenta e fortifica.
Quando lhe encontrar darei a melhor essência que houver e leve-a você sabe para quem.
Quando encontrar-me abrace, faça-me rir e deixe um resquício do amor que com o vento se foi.


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