segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Progresso

Eu não queria ser assombrada pelo seu passado e não quero contar sobre os meus fantasmas. Não quero ser a folha seca que serve de adubo, tão menos ser a poeira que acumula-se no seu porta-retrato. Quero ser a água da chuva que escorre pelo seu corpo e as curvas de cada pétala do seu sorriso. quero ser o sol que esquenta a sua pele, quero ser manhã, vento e terra, viajar em devaneios e acordar realizando desejos. A História é criada pelo passado, mas, persiste-se olhando para frente, isso se chama evolução.


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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Analogia à traição.

O namorado é o herói de toda princesa que virou mulher e quando ele a trai, não são apenas o castelo, as bandeiras, músicas e fadas que desmoronam, todo o resto deixa de existir.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Uni-duni-tê... o escolhido foi ?

Seriam necessários muitos anos de reflexão, para compreender com exatidão os sentimentos que nos unem às pessoas que em poucos minutos eram apenas parte do design da vida.
A composição dos nossos quadros afeto-sociais modifica-se invariavelmente à nossa vontade e por mais organizado ou controlador que tentemos ser, não podemos reverter uma composição que se inicia ou solidifica-se...
Estamos à mercê dos encantos que nos rodeiam em todos os instantes e não podemos prever a transição de sentimento para cada qual que esbarra em nossa vida.
O conflito surge quando a pessoa que entra na sua vida está olhando para várias placas humanas e não sabe como se portar ou qual escolha fazer...
Dissonante da melodia dos sonhos da pequena princesa, nasce sua primeira filha: Insegurança, após o parto, nascem os trigêmeos: Medo, Posse e Ciúme.
O sorriso ainda no rosto, iluminando cada vez mais a própria estrada para este misterioso transeunte e, por um golpe de sorte, o mesmo lhe estende as mãos e caminha em sua direção, crescem os filhos dela e tornam-se adolescentes que naturalmente variam com a educação dos pais, surgindo variações como: Confiança, Felicidade e Harmonia, afinal um dos filhos falecera na inicio, e Neurose, Pânico, Obsessão, Desconfiança e Dissimulação, aliás, neste estágio ela gerou mais uma criança para tentar consertar as coisas.
Obtemos da primeira relação os seguintes filhos-jovens: Amizade, Carinho, Respeito, que modificaram-se com os valores e profundidade e os pais empolgados geraram o pequenino Amor, que diga-se de passagem era lindo.
Já na situação inversa os temíveis adolescentes tornaram-se: Agressividade, Cobrança, Tristeza, Dependência, Mágoa, Rancor e o temível Desencanto...
Após algum tempo, o primeiro casal progride e o segundo tem apenas duas opções: desatar as mãos e seguir cada qual com suas “crias” ou gerar o Ódio, que quando adolescente pode tornar-se Morte...

sábado, 30 de outubro de 2010

Olhos de gato...

Eu estou dirigindo sem rumo, a música toca aleatoriamente e nesta estrada não vejo nada, a neblina esconde cada curva e esta chuva constante tornam a situação mais dramática...


Choro em um fluxo intenso e meus olhos estão nublados de tanta dor... Mãos no volante, 100, 120, 140, 180 km/h, não vejo nada, não penso em nada, sinto o meu peito rasgado e minha vida estilhaçada em cada segundo, acelero e sigo os olhos de gato na pista...

Não consigo acreditar que houvesse tanta dor no mundo e estava toda represada em mim, mal consigo respirar, sinto todo o peso de cada lágrima que escorre, como se chorasse por todos os traumas, todas as perdas, todo o passado não superado apenas abstraído...

Acelero mais, quase um suicídio, não enxergo a mais que 2 metros no caminho, o farol ilumina pouco e meus olhos estão transbordando, poderia morrer a qualquer momento, qualquer coisa para anestesiar e apagar a consciência...

Tempestade ambígua, não sei onde está mais perigoso, estou molhada de lágrimas e o mundo de chuva, choro mais alto que a música e que os trovões, meu desespero escorre pelo parabrisa e não há nada para cessá-lo.

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fábula de Esopo

O cervo, o manancial e o leão
 
Agoniado pela sede, chegou um cervo a um manancial. Depois de beber,  viu seu reflexo na água. Ao contemplar seus belos chifres, sentiu-se orgulhoso, porém ficou descontente por suas pernas serem fracas e finas. Enquanto assim pensava, apareceu um leão que começou a persegui-lo. Começou a correr e tomou grande distância, porque a força dos cervos está em suas pernas, e a do leão em seu coração. Enquanto corria, o cervo guardou a distância que o salvava; mas, ao entrar num bosque, seus chifres se engancharam nos ramos e, não podendo escapar, foi alcançado pelo leão.
A ponto de morrer, exclamou para si mesmo:
- Infeliz! Meus pés, que pensava me trairiam, foram os que me salvaram e meus chifres, nos quais colocava toda minha confiança, são os que me perdem.

 
Muitas vezes, a quem cremos mais indiferentes, são aqueles que nos dão a mão, enquanto os que nos adulam, quando precisamos, desaparecem.

domingo, 5 de setembro de 2010

Cura .

Ela acordou e descobriu que estava tão só, que sua essência havia ido embora com todo mundo.
Desesperada chorou mas, as lágrimas não  saciavam as perdas, tornaram-se funcionais, chorava porque não havia motivo para sorrir, mas, não lembrava-se qual era a razão principal que a motivava a chorar. Apenas molhava os cabelos, a roupa e os olhos inchados e sem cílios ficaram tão acostumados a agressividade ácida de sua dor.
Olhava o espectro no espelho, sentia o peso do corpo e todo seu vazio de barro, como uma obra mal-feita e abandonada e retornava ao habitual choro.
Chorou por segundos que transformaram em meses. Chorou em madrugadas eternas onde a Aurora recusava-se a lhe estender a mão.
Chorava silenciosamente no inicio e conforme as gotas preenchiam o buraco na alma, chorava como um animal ferido, encolhido no chão em posição fetal e quando alcançava o limite, perdia a voz e voltava aos soluços até o silencio fora e dentro ecoasse a partida de tantos e ninguém.
Certo dia cansada do espelho, do silêncio, do chão gelado e da indiferença resolveu dar uma volta e ver se havia vida lá fora.
Andou sem compromisso, sem perceber absolutamente nada e seus olhos foram enchendo-se como em um recipiente que ficou pequeno demais para conter tanto volume e derrama.
Na terceira ou quarta esquina, ela estancou e fechou os olhos preparada para se trancar em seu mundo e voltar para o quarto, quando se sentiu acariciada e desejada por milhares de mãos que sussurravam em seus ouvidos, sem nenhuma expressão que palavras terrenas poderiam explicar. O medo de acordar deste sonho sublime após tanta dor, era imenso. Entretanto, reuniu o pouco de coragem que havia sobrado em algum lugar que ela nem imaginava e abriu os olhos. Não havia ninguém lá. Desesperou-se e acreditou ter enlouquecido. Cruzou os braços abraçando-se e começou a andar depressa, virou a direita, desceu três quarteirões, mais cinco à esquerda e caiu na calçada após chocar-se com alguém.
Ficou envergonhada, já havia desaprendido a falar e balbuciou timidamente:
- Desculpe...
Ninguém respondeu e no auge de sua ousadia olhou para cima e viu uma profusão de cores, pasmou-se. Vinha de um mundo onde não mais existia matiz, apenas escalas cinzas e suas possíveis variáveis. Um momento de tempo incontável até se dar conta do que estava fazendo, levantou e limpou-se, ia continuar seu caminho todavia, não sabia nem como havia chegado naquele santuário. Foi em direção até um banco, tirou os sapatos e deixou que a grama brincasse com seus pés, sentiu o orvalho de cada folha e seu corpo parecia absorver cada experiência.
O vento voltou a lhe acariciar com suas mil mãos e falar ao ouvido, a flamboyant acalentava seus olhos tão machucados, curando-os através de suas cores e frondosa copa. Como uma mãe a proteger um filho e finalmente houve uma pausa em sua dor.
Sentiu o calor do sol aquecendo sua pele, a brisa enamorada a lhe falar segredinhos, a flamboyant deu-lhe algumas flores e os pássaros entoavam a canção para o seu despertar.
Ela viu que havia vida lá fora, aprendeu a sentir o amor de outras formas e encontrou-se em momentos detalhados de encantamento.
Suas dores continuaram, mas, todos os dias ia visitar seu paraíso e a procurar lugares onde a vida estivesse disposta a lhe encontrar, até o dia em que não doía mais nada, encontrou-se.

"...O essencial é invisível aos olhos..."

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sábado, 28 de agosto de 2010

Torrencial

Entre os ventos que secaram minhas lágrimas, romperam meu coração. Perdida na tempestade de sentimentos, a chuva forte lavava meu corpo enquanto minha alma continuava enlameada de mágoas e dores, nenhum movimento além do respirar, braços ao longo do corpo, parada em pé perto de lugar algum, cabelo ensopado encobrindo parte do rosto. Nenhum movimento físico além do respirar. Enquanto sua mente digladiava-se com inúmeras lembranças que fatiavam seu ego. Eco no infinito e um hiato no tempo absorveram o momento, a chuva cessou e o corvo sentado no galho seco da árvore próxima, não mais alimentava-se com as minhas tristezas, bateu suas asas entre os ventos que secaram minhas lágrimas e romperam meu coração.

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sábado, 21 de agosto de 2010

Esterco ou Marinheiro?

... " Jamais pense num homem como uma árvore cuja sombra você pode descansar. A mulher é apenas o fertilizante, apodrecendo para deixar a árvore forte... Não existe amor real. Os casais que parecem amorosos ficam juntos por interesse pessoal, seja dinheiro, poder ou influência...” ¹

“ Dizem que as mulheres dão valor às emoções e os homens dão valor à carne. Se essa generalização for verdade, para que se casar? A mulher que fica com o marido infiel é tola. “ ²

Antes da 7 da matina e afirmações tão fortes, o que esperar deste sábado? Rsrs. Admiravelmente ambas as afirmações “casam” com minhas concepções, lembrando bem o conceito de casamento inicial.
Em um relacionamento há sempre a parte “frágil”, aquele que ama, cuida, desdobra-se em zelos admiráveis para ser sucumbido pela energia sexual do outro com o mundo. Todo o momento do 1° como “Casas Bahia – Dedicação Total à Você” em busca de trocas mínimas de respeito e lealdade torna-se adubo, esteio, degrau, o caralho para o 2° nutrir sua carência de mãe/ colo/ feto/ variações; para lançar-se em um tsunami de corpos, bebidas, néon e máscaras. Logo, saciado o animal, ops, elemento número 2, procura “ GAIA, a mãe-terra, que embala seus sonhos, cuida de suas raízes preparando o pobre marinheiro para suas próximas explorações (Gaia, galha, cervo...)
Eis aí seu companheiro leal, sem auto-estima e desesperadamente carente, seu lema: “ Preciso de você, porque eu não sou o suficiente para mim”. Pegue-o e adube-se.
Eis aí seu companheiro guia, egoísta, cretino e cruel, seus lemas: “ Gozo, logo existo!”; “ Eu me amo, me amo e eu já disse que me amo?” e finalmente: “ Eu sou livre, te amo mas, gosto de viver a minha vida...” (aliás, ele jamais teria apenas um, é necessário vários para se auto-afirmar...)
Qualquer que seja seu encaixe, apenas um pensamento: “ Só lamento “.

Presos indefinidamente ao esterco que nos tornamos ou usufruímos.
Não sei o que é pior, ser o primeiro ou o segundo. Descubra-se.

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Notas: Trechos extraídos do livro: XINRAN. As boas mulheres da China.

¹ - Ying’er – página 56.
² - Jin Shuai – página 56.

sábado, 24 de julho de 2010

Malus sp. / família Rosaceae.

Certo dia uma menina estendeu a mão para um cesto enorme repleto de maçãs de vários tipos e tamanhos. A primeira que ela pegou era grande, bem vermelha e aparentemente saudável, no começo era bem docinha, mas, na terceira mordida, a menina percebeu que o sabor agradável era sucedido ao azedo, que a bela maçã por dentro estava ácida e por mais que ela se esforçasse, não conseguia degustá-la.
Passou muito tempo até a menina resolver comer outra maçã, afinal, lembrava-se nitidamente da decepção que tivera e o gosto ainda estava impregnado em sua garganta. Ela enrolou, enrolou e por fim decidiu não pegar nenhuma, levantou e encontrou uma mação no chão, olhou para os lados e deu uns passinhos para trás, chegou mais perto, observou bem e pegou a maçã, era uma linda maçã, cheirou e gostou do aroma. Colocou-a no chão novamente e foi dar uma volta, no outro dia, encontrou novamente a mesma maçã e assim foi resistindo, até o dia que não aguentou, pegou aquela maçã e deu a mordida que tanto sonhava e para sua surpresa, tinha o melhor sabor que ela jamais havia experimentado. Mas, uma parte da maçã estava podre e por mais que ela quisesse não poderia salvar aquela parte e ficou com o que era saudável, mas, não era o suficiente para saciar a menina...
Então, após muito tempo, desistiu de maçãs e agora faz jejum.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Abster-se

Eu estive próxima, quase podia tocar, entretanto, recuei.
Convenço-me a cada dia que o belo não deve ser tocado, contudo, sinto um imenso desejo de encostar, sentir sua textura e curvas. Aproximar-me do o âmago da obra exposta.
Poderia ceder e nutrir-me deste momento, entretanto, recuei.

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Abstrato.

Não precisamos de palavras, nossos olhos dizem tudo o que sentimos e as nossas lembranças são as certezas de que não foram apenas sonhos...

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Frações.

. É o amor que faz com que deixemos de ser partículas desconexas, flutuando sem sentido no vazio de nosso eco.

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Stranger Dreams

Série: HELLO, STRANGER. - Parte 2, Stranger Dreams.

Alguns sonhos de uma garota estranha:

Meus sonhos infantis:


Queria cantar e tocar guitarra;
Ter um pokemon poderoso;
Queria lutar caratê muito bem e arrebentar a cara daquele moleque nojento que quebrou meu aparelho (claro que tinha que ser o freio de burro) pulando nas minhas costas e falando: - AiôôôÔ, Silver... --';
Ter um carro elétrico igual a menina tinha na primeira versão do Carrossel,;
queria com toda a minha alma ter um gizmo de robô que passava nos programas infantis, mas, ficava com medo de cair água sem querer e ele matar minha mãe porque havia tornado-se um greemlin;
Queria saber andar de skate e fazer mil manobras;
Voar;
Queria ser a melhor em algum coisa;
Namorar o desenho da última folha da cartilha escolar,
Queria ter um cavalo e galopar no horizonte sem rumo,
Queria ter um lápis que copiasse a materia sozinho;
Falar com os animais;
...

Sonhos da minha eterna adolescência:

Queria cantar e tocar guitarra;
Ter um pokemon poderoso;
Queria lutar caratê muito bem e arrebentar a cara daquele moleque nojento que quebrou meu aparelho (claro que tinha que ser o freio de burro) pulando nas minhas costas e falando: - AiôôôÔ, Silver... --';
Queria ter um carro pra chamar de meu;
Ainda gostaria de ter o gizmo, hahaha, mas sem medo dele virar greemlin;
Fazer manobras radicais em alguma coisa;
Voar;
Ainda queria só por um dia ser a mais sei lá o que, por um dia, porque me cansa ser apenas mais uma todos os dias;
O cavalo ainda existe, embora o princípe tenha sumido;
Viajar o mundo inteiro, conhecer novas cores, cheiros e sons;
Voltar a ser feto;
Transformar a realidade e viver em um universo paralelo onde a única coisa que molharia meu rosto, meus lábios, travesseiro, papel e teclado seria a chuva, água, desastre de canecas mal posicionadas no lugar errado da mesa, um lugar onde este vazio que consome minhas atual existência não existisse e as pessoas não fossem tão endurecidas por falta de amor;
Compreender o significado do silêncio de algumas pessoas;
Fazer um projeto que transmitisse o que penso e sinto;
Falar com os animais;
Encontrar alguém que irá me cativar e onde seremos únicos um para o outro;
Envelhecer com dignidade;
Ser um X-man com todos os poderes do mundo;
...

Alguns sonhos não foram mencionados pois, não eram tão significativos ou não me recordava.


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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hello, stranger...

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Eu sempre fui uma garota estranha ou pelo menos sempre me senti estranha.
Nunca fiz shhhh pra dentro, como se fosse algo muito gostoso ao ver um cara ou uma foto de um menino da escola, mesmo anos depois.
Meu principal assunto não era a sandália ou o cabelo de ciclana.
Meu sonho de criança era ser super-qualquer-um e não ser a sandy.
Nunca gostei de xuxa, gostava mesmo de mara maravilha, na época que ela vendeu discos de vinil como índia.
Enquanto minha irmã e primos faziam mil poses ridículas, eu detestava fotos e filmagens.
Quando pequenina queria ser menino só pra correr atrás de pipas, descer o buracão, ter um estilingue e mostrar o dedo do meio sem ninguém passar horas dando um sermão.
Quando finalmente matei minha primeira pomba com um estilingue, em vez de gritar uhuuu! Igual ao meu primo, abracei a pomba e comecei a chorar, enquanto ela se debatia, corri para casa da minha tia novamente, cheia de sangue na blusa e abraço minha mãe, dizendo que era má.
Não assisti a quase nenhuma aula de 1ª Eucaristia, passei todas as noites de quarta na sala do padre indagando porque Deus não tinha mãe, se caim matou Abel, como é que o mundo foi povoado? E outras variações.
A primeira vez que me apaixonei estava na pré-escola, ele era feio, tinha os dentes tortos e hoje é gay.A segunda vez o menino era loiro, olhos verdes e disse que eu era feia. Alguns anos mais tarde parei de me apaixonar por certas caracteristicas.
Comecei a fazer aulas de trompete para ficar perto de um carinha, pra três dias depois pararmos de ficar.
A última vez que me apaixonei por um cara, ele me trocou por uma menina gorda, com 3 filhos, hoje ele é casado com uma menina com 1 filho de um presidiário e eles tem 2 filhos juntos.
Sempre odiei bonecas, mas, ninguém nunca compreendia isso e insistia em me dar uma barbie em data que em poucas horas depois perdia a cabeça, cabelo e membros.
Passava horas deitada no sofá vivendo no meu próprio mundo, onde eu sorria e sofria.
Nunca me adequei às conversas das minhas amigas de infância, definitivamente não tínhamos e não temos quaisquer afinidades.
Meu maior sonho era sumir.
Já quis ser astronauta, geóloga, geógrafa, e uma profissão que inventei: quis ser egipsyologa, faria egipsiologia e estudaria as pirâmides. Entretanto, eu sou alérgica a poeira, detesto aracnídeos e variações e tenho pavor de grutas ou derivados.
Enquanto todas as minhas amigas pediam vestidos, bolsas, sandálias e brincos, eu queria livros.
Nunca copiei nenhuma matéria no caderno.
Na pré-escola não consegui abotoar o macacão, comecei a chorar bem alto e pedir socorro, minha mãe dava aula na sala ao lado e me socorreu, mas, lembro que entrei envergonhada na sala.
Não importa a fome que estivesse, jamais comeria em algum lugar que não fosse a minha casa.
Eu tinha muitos pesadelos.
Me olhava no espelho e não entendia como era tão feia.
Já acreditei que fui encontrada na lata do lixo ou que era de outro planeta pois, eu era bizarra e não pertencia à minha família.
Usei freio de burro.
Usava óculos azul alumínio.
Vivia de castigo e meu pai me obrigava a escrever de 0 a 1000 ou qualquer outra sequência monstra em números romanos em ordem decrescente, e o pior, ele conferia um por um.
Meu pai me ensinou a jogar xadrez aos 5 anos, me ensinou a nadar e andar de bicicleta e um dia em algum lugar colorido ele era meu herói.
Minha avó era a melhooor do mundo inteiro e era só minha, independente da minha irmã.
Conheci a mentira e frustração no primeiro ano de vida, dias das crianças, me contaram que ia ganhar um super presente, no dia 12/10/1988 nasceu minha irmã, aí compreendi o que eram metáforas.

continua...
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sábado, 5 de junho de 2010

Limpeza interna...

Tarde de sábado, cansada e sem um pingo de humor, encho uma xícara com muito café especial da fazenda, extra-forte melita, adiciono 4 gotas de adoçantes e vou para o fundo fumar um cigarro tranquilamente...
Penso que finalmente vou relaxar um pouco e bebo quase metade do copo num gole só, quando sinto um gosto estranho de desinfetante, cuspo o que ainda está na boca longe e berro para minha mãe:
- Você passou desinfetante neste copo, mãe?
E ela diz calmamente:
- Não sua idiota, você acha que eu coloquei isso no café também?
Eu continuo cuspindo, quando a amiga dela diz:
- Talvez não enxaguou direito o copo e está com gosto de detergente.
Volto na cozinha revoltada e fico procurando onde estava a prova do crime. Mexo em tudo e vejo o adoçante, na verdade os dois, algo que não havia percebido no início... Cheiro ambos e corro estressada pra fora novamente gritando:
- Mãeeeeeeeee, você é louca por óleo de eucalipto no vidro de adoçante?
Ela novamente responde bem calma:
- Não foi eu, foi seu pai...


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Mais uma para a série: bebendo no copo errado, desta vez um pouquinho pior.
( Hoje na balada nem vou comprar halls ;) ) aff

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sábado, 30 de janeiro de 2010

Mudança...

Mudança é quando você vê um estranho no espelho... Quando o vento que abraça o seu corpo torna-se agradável ou hostil, os perfumes não remetem a nada e suas pernas caminham à um lugar inespecífico... Mudança pode ser externa ou interna, não importa a ordem...
Mudança é algumas vezes imprevisível ou minimamente planejada.
Mudança de roupa, cabelo, tom, fragrância, roda social, livros, móveis, lugares, moradias, conceitos, sonhos, desenhos, amores, amizades, classe, transporte, desejo, tecnólogia, filmes, medos, falhas, acertos, mudanças...
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Quando todos os dias tiverem a mesma melodia, mude e ouse novas notas...
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